Quando o feeling custa caro: o custo oculto das decisões no agronegócio

Postado por Ludmila Araujo
em 9 de junho de 2025

Como decisões aparentemente certas podem gerar prejuízos milionários e por que a gestão baseada em dados não é mais um diferencial, mas uma necessidade de sobrevivência.

A pergunta que ninguém quer fazer (mas deveria): quanto custou essa decisão?

É uma pergunta simples, mas que tem o poder do ‘despertar’ em um sono perigoso. Numa rotina tão acelerada quanto a do agronegócio, raramente os gestores param para calcular o verdadeiro impacto financeiro de suas escolhas, caso as informações dêem muito trabalho ou levem muito tempo para serem coletadas. As decisões precisam ser tomadas rapidamente, tanto na compra de insumos quanto na escolha do momento ideal de venda, principalmente quando pensamos que o tempo de ação é a diferença entre o sucesso e o fracasso.

O problema é que essa conta sempre chega. E quando chega, geralmente vem acompanhada de zeros que doem no bolso e questionamentos que deveriam ter sido feitos antes.

Em nossa LIVE sobre Qualidade de Dados, abordamos um pouco este tema, trazendo o case de sucesso da Syngenta, mostrando como essa mudança trouxe muitos benefícios para a indústria. Clique no play e assista:

O agronegócio brasileiro: um setor de decisões bilionárias

Para entender a dimensão do problema, precisamos dar um passo atrás e olhar para os números do agronegócio brasileiro. Segundo dados do CEPEA/USP, o PIB do agronegócio movimentou R$ 2,72 trilhões em 2023, representando 23,2% do PIB nacional.

Quando pensamos nesse cenário gigantesco, cada decisão de compra, venda, estocagem ou investimento pode representar milhões em resultados… ou em prejuízo.

Por exemplo: se uma empresa decide ampliar sua produção ou estoque sem analisar dados regionalizados de demanda, pode resultar em milhões de reais encalhados ou perdidos (no caso do estoque vencer), comprometer suas margens e seu fluxo de caixa.

Anatomia de uma decisão cara: tipos de decisões que geram prejuízos no agro

Portfólio e produção sem dados regionalizados

Ampliar a produção ou estoque de determinados produtos sem analisar dados regionalizados de demanda pode ser desastroso, aumentar capacidade de atendimento baseada apenas em dados históricos gerais, sem considerar mudanças comportamentais dos produtores ou alterações regulatórias, pode (e, provavelmente vai) gerar enormes custos de estoque parado e perda de competitividade.

Expansão geográfica sem mapeamento comportamental

Expandir para novas regiões sem informações específicas dos produtores locais, como  mapeamento detalhado da concorrência regional, ou entendimento de culturas, tamanho de propriedades e das particularidades de financiamento da região, frequentemente trazem prejuízos significativos que podem levar anos para serem recuperados. Por exemplo, você pode trazer para sua empresa um grande problema com a inadimplência, ou levar produtos que não fazem sentido para aqueles produtores.

Investimentos em infraestrutura sem análise preditiva

Ampliar capacidade de armazenagem ou investir em novas unidades baseadas apenas em projeções lineares de crescimento, sem considerar perfis, impacto de novas tecnologias, ou alterações no comportamento de comercialização dos produtores, podem trazer problemas como capacidade ociosa significativa e custos fixos elevados.

Por que boas intenções muitas vezes geram resultados ruins?

A origem da maioria dos prejuízos no agronegócio não está na má-fé ou na incompetência. Pelo contrário, ela nasce de gestores experientes e bem-intencionados, mas que tomam decisões baseadas em informações incompletas ou desatualizadas.

“Sempre fizemos assim e deu certo” é uma das frases mais perigosas no agronegócio. A experiência é valiosa, mas ela pode se tornar uma armadilha quando não é combinada com dados e análises contextualizadas.

O mercado agrícola de hoje é completamente diferente do de dez anos atrás, ou melhor, o mercado muda a cada ano que passa, principalmente se considerarmos o período pós pandemia. A volatilidade aumentou, a concorrência se intensificou, os clientes se tornaram mais exigentes, e as variáveis que influenciam preços e demanda se multiplicaram. Confiar apenas na experiência é como dirigir olhando apenas pelo retrovisor.

Outro ponto importante é que muitos gestores, muitas vezes acreditam que têm todas as informações necessárias para decidir. Eles olham para planilhas de vendas do ano anterior, conversam com alguns clientes, acompanham algumas cotações e se sentem preparados para escolher.

Mas essa sensação de domínio sobre os dados pode ser, na verdade, uma armadilha.

O problema é que essa informação completa é, na verdade, uma fração minúscula da realidade. Sem análises preditivas, cruzamento de dados, monitoramento de tendências comportamentais e acompanhamento de indicadores, as decisões continuam sendo, essencialmente, apostas.

O que parece um panorama completo é, muitas vezes, apenas um recorte superficial da realidade. É como montar um quebra cabeça, mas sem ter todas as peças: por mais que você se esforce, a imagem nunca fica realmente completa e você acaba decidindo com base em fragmentos que não mostram o cenário real.

Decisões tomadas com base em dados incompletos são apostas disfarçadas de estratégia. E num mercado cada vez mais competitivo, apostar pode custar caro demais.

Além disso, sabemos que no agronegócio o timing é tudo. A diferença entre vender na hora certa e na hora errada pode representar grande parte do resultado anual de uma empresa do agro, além disso pode trazer outros problemas, como, por exemplo: perda de estoque por vencimento de produtos. Por isso, identificar o tempo certo exige mais do que intuição, exige dados que consigam antecipar os movimentos de mercado e alertar quais são os melhores momentos para sua empresa agir.

O prejuízo invisível: quando o dano não aparece nos relatórios

Os custos das más decisões vão muito além dos números que aparecem nos relatórios financeiros. Existe um universo de prejuízos invisíveis que diminuem a competitividade das empresas sem que os gestores percebam a curto prazo.

Custo das oportunidades

O dinheiro investido em decisões erradas, é o dinheiro que não foi para as oportunidades corretas. Se sua empresa investe 1 milhão de reais em um estoque que vai ficar parado, numa época errada, não está perdendo apenas o dinheiro, mas também a oportunidade e o lucro que esse investimento poderia gerar.

Perda da imagem

Um cliente que não foi atendido adequadamente por causa de uma decisão mal planejada, não apenas deixa de comprar naquele momento. Ele pode migrar definitivamente para a concorrência, influenciar outros clientes negativamente e reduzir o valor da sua empresa no mercado.

Impacto na equipe

Decisões que geram prejuízos constantes afetam a moral das equipes, aumentam a rotatividade, reduzem a produtividade e podem levar à perda de talentos importantes. O custo de reposição de um profissional experiente no agronegócio pode ser alto quando consideramos recrutamento, treinamento e tempo de adaptação.

Perda de competitividade

Empresas que tomam decisões com base em dados incompletos perdem competitividade. Elas ficam sempre um passo atrás, reagindo ao invés de antecipar, e gradualmente vão perdendo market share para concorrentes mais bem estruturados.

A revolução dos dados no agronegócio: como começar?

A transição de uma gestão baseada em intuição para uma gestão baseada em dados não acontece da noite para o dia. É um processo que exige planejamento, investimento e, principalmente, mudança de mentalidade, e ela começa na liderança. Esse é um ponto que sempre alertamos, se a mentalidade voltada para dados não começar na diretoria e ir descendo para os outros níveis, dificilmente a cultura mudará dentro da empresa.

Passo 1: Mapeie os pontos de decisão críticos

O primeiro passo é identificar quais são as decisões que mais impactam os resultados da empresa. Isso inclui decisões sobre compras, estoques, preços, investimentos, expansão, contratações e comercialização.

Passo 2: Identifique as fontes de dados

Para cada ponto de decisão crítico, é preciso mapear quais dados são necessários e onde eles podem ser obtidos. Isso inclui dados internos (vendas, estoque, custos) e externos (preços, clima, economia, concorrência).

Passo 3: Implemente sistemas de coleta e processamento

Investir em tecnologia que consiga coletar, organizar e processar os dados de forma automatizada. Isso pode incluir ERPs integrados, sistemas de BI, como Agroview, ferramentas de análise preditiva e plataformas de inteligência artificial, como a Zyon ou o Iagroview. Além disso, precisamos destacar que a presença de um CRM na equipe comercial faz toda a diferença na hora de tomar decisões, conheça o Agrofortis e saiba como ele pode te ajudar a potencializar sua equipe de vendas.

Passo 4: Conscientize e capacite sua equipe

Treine seus gestores e equipes para interpretar dados, questionar informações baseadas apenas em experiência, usar dados para trazer consistência e tomar decisões baseadas em evidências.

Passo 5: Criação de processos de feedback

Estabelecer rotinas para acompanhar os resultados, identificar acertos e erros, e ajustar as análises de forma contínua.

Os obstáculos e como superá-los

Mesmo com a digitalização no agronegócio andando a passos largos, o que percebemos em campo é que essa tecnologia ainda não adentrou na gestão das empresas, existem muitas barreiras do setor, seja pela cultura tradicional, pela estrutura tecnológica limitada, falta de investimento ou pela complexidade percebida das soluções. Assim, muitos negócios ainda tomam decisões com base em achismos ou experiências isoladas. Superar esses obstáculos é muito mais que uma questão de inovação, se tornou uma necessidade estratégica para garantir competitividade e eficiência. Listamos aqui alguns dos principais obstáculos que encontramos:

Resistência à mudança

Muitos gestores resistem à implementação de sistemas baseados em dados porque sentem que isso diminui o valor da sua experiência, o foco aqui deve ser mostrar que os dados não substituem a experiência, mas sim potencializam. IA² = Inteligência Humana + Inteligência Artificial.

Investimento inicial

Implementar sistemas de gestão baseados em dados exige investimento em tecnologia, treinamento e principalmente acompanhamento. Contudo, quando bem dimensionado, esse investimento se paga rapidamente através da redução de custos e aumento de eficiência.

Complexidade técnica

Muitas empresas se sentem intimidadas por achar que as soluções podem ser muito difíceis ou burocráticas. A solução é trabalhar com parceiros especializados que consigam trazer a tecnologia em benefícios práticos para o negócio e uma usabilidade que priorize as praticidades para o usuário.

A escolha que você precisa fazer hoje

A pergunta não é mais se você vai adotar uma gestão baseada em dados, mas quando vai começar. Cada dia de atraso nessa decisão representa oportunidades perdidas, prejuízos que poderiam ser evitados e lugar no mercado para concorrentes que já utilizam dados em suas estratégias.

O agronegócio brasileiro tem potencial para liderar globalmente não apenas em produção, mas também em inteligência de gestão. Mas para isso, precisamos sair da zona de conforto do “sempre fizemos assim” e abraçar as possibilidades que a tecnologia oferece.

Já parou pra pensar que a sua próxima decisão pode definir o futuro da sua empresa?

No agronegócio, não existe zona de conforto permanente, ele está evoluindo, a concorrência está cada vez mais sofisticada, e os clientes estão cada vez mais exigentes. Nesse cenário, a qualidade das suas decisões é o que vai determinar se sua empresa prosperará ou ficará para trás.

A boa notícia é que você não precisa fazer essa transformação sozinho. Existem empresas, como a BRID, que são especializadas em traduzir a complexidade dos dados em soluções práticas para o agronegócio, que entendem tanto de tecnologia quanto das particularidades do setor, com programas de consultoria para rever seus processos e te ajudar a estruturar uma cultura de dados na sua revenda, além disso oferecemos soluções de BI, inteligência artificial e CRM para potencializar a sua gestão e as suas vendas.

Sobre a BRID

Somos especialistas em soluções de gestão inteligente para o agronegócio, há mais de vinte e três anos vivemos as particularidades e o dia a dia no agro. Combinamos nosso profundo conhecimento do setor com tecnologia de ponta para ajudar empresas a tomar decisões mais assertivas, reduzir riscos e maximizar resultados.

Quer descobrir quanto suas decisões estão custando e como mudar isso?

Entre em contato com nossos consultores e faça um diagnóstico do potencial de otimização da sua gestão.

Porque no agro, decidir bem não é só importante, é indispensável.